domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ela, de cores escuras


Uma mulher, aparentando ter quarenta e cinco anos.
Vestia roupas em tons escuros. Tinha também um chapéu, destes bem grande e belo, mas já não era tão belo, pois parecia ser bem velho e já desgastado.

Ela vinha descendo a rua movimentada, olhando os carros parados a sua direita, tinham vários aliás.
Pela sua aparência, roupas e jeito de andar, arrisco o palpite de...andarilha ou moradora de rua. Ela deveria estar nessa vida a alguns anos, pois se mostrava com bastante experiência, olhar arisco, meio aberto e meio fechado, olhava fixamente para seu lado direito.

A delicadeza no andar, revelava que ela já fora uma mulher de bons recursos.
A observei por alguns minutos e me veio a cabeça a ideia de que era possível que tivesse sido alcólatra por alguns anos. Que tivesse vivido de bar em bar, pedindo seu Martini e deslizando em suas noites mais profundas e amargas. Talvez tivesse feito isso por alguém, sem perceber que esse alguém não fazia, nada, por ela.

Ela não parecia ingênua, carregava consigo um ar de sabedoria profunda, de experiência. E parecia não se arrepender de ter vivido daquela forma.

O tempo estava cinzento, um pouco de fumaça, a claridade das, já poucas luzes acesas da cidade, mais propriamente daquela rua, se misturavam a luz natural do dia, uma tarde sem muita beleza própria, era um final de tarde de verão.

Os carros vinham descendo em baixa velocidade, não era uma ladeira, uma rua muito inclinada, mas dava para ser notado uma certa baixada.
E ela continuava ali, entre a fileira de carros estacionados e os carros que desciam a rua.

Eu senti vontade de ir até a vendedora na praça e comprar uma rosa a esta senhora. Ela por sua vez não entenderia nada.
Mas não era mesmo para entender, pois quem tinha acabado de entender era eu, quem tinha acabado de entender o sentido disso tudo, de entender quem era aquela mulher, era eu.

Eu entendi tudo...

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